DESAFORO

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Acho que não tenho vocação pra brigar e esbravejar com as pessoas e dizer desaforos. Sim, porque me acontece vez ou outra de admirar quem não os leve pra casa. Mas definitivamente não sou dessas. Pois se acontece de eu dizer alguma crueldade que seja, torno-me eu mesma, minha maior acusadora perpétua.
De criança tenho um grande defeito de querer que tudo fique bem o tempo todo. Mas assim não seria humano. As pessoas erram, se estressam, contestam e perdem as estribeiras. Assim como também se acalmam, voltam a trás e pedem desculpas, ou não. Mas o fato é que mesmo adulta, sofro ainda muito desse tipo de conduta. Não é que eu seja fraca, muito menos covarde. Se tem algo que dou muito valor é encarar a realidade de frente. Nem tão pouco que seja o caso de ser santa ou boba. Sim, porque já desci dos tamancos e fui ladeira abaixo. Mas é que sempre sinto que não vale a pena o descaso, só pra ostentar o sorriso arrogante dos bons de boca, dos língua afiada.
Isso de dar resposta atravessada, de bater-boca e ficar ou fazer alguém magoado, a imagem que me vem é de devastação, cenário típico da guerra, onde vencer é sinônimo de derrotar, e isso implica em comemorar os feridos que se deixa pelo caminho.
Mas o meu anjo bom que vence quase todos os meus embates, lembra-me como é reconfortante não atear fogo ao pavio só por orgulho, disputa ou contenda e que não vale a pena ferir, se é com humildade que viemos ao mundo, e da mesma forma um dia teremos que nos despedir.
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Um comentário:

Suely Andrade disse...

Amei seus textos. Gosto do seu estilo! parabéns!