ESCOLA CLASSE 37

o
Da época de estudante, ensino fundamental, ficou a lembrança dos amigos queridos. Com isso vem a tona, alguns sentimentos gostosos de sentir. Alguns rostinhos, ficaram tão nítidos que dá vontade de dar um beijo de saudades. O tempo passa e os contados se perdem. Principalmente pra nós que nos mudamos tanto, em curtos espaços de tempo. Geralmente, havia um problema de família, por trás de tantas andanças.
Então fico imaginando como serão suas fisionomias hoje. Por isso é comum eu brincar sozinha de quem será. É mais ou menos assim: estes dias vi um policial, baixinho, meio barrigudo com cara de invocado, não tive dúvidas, pensei no Serginho. Outra vez, olhei pra uma moça muito simpática, com cara de amiga, sabe aquela cara de gente boa, lembrei da Ivonete, uma das minhas duas melhores amigas na época. A outra era a Geanne, dá até uma alegria escrever o nome delas. Tinham apelidos tão engraçados, mas eu não vou contar aqui, por conta da amizade. Não sei se elas ainda se importam com isso. Acredito que não, e talvez seja este um dos sintomas da maturidade. Fiquei sabendo que a Laudirene, agora é diretora de escola. Sei que deve estar pagando por todo o trabalho que deu pra Etiene, batendo nas meninas na saída do horário. Tem o Divino, que um dia apareceu em uma cidadezinha pra onde havíamos nos mudado. Foi um encontro caloroso. Ele me contou com vaidade adolescente que agora ouvia Ozzy Osborne e kizz. Aí eu pensei comigo, que o Divino, logo o Divino tava endemoniado! Ah, e tem o Luciano, esse era o meu pesadelo. Se vejo um jovem senhor magrelo, branquelo e sardento, examino-o. Discretamente, é claro.
O Luciano me perseguia, pegava no meu pé e encrespava com meu cabelo crespo. Todo dia era um apelido novo, e o último, nem pensem que vou falar, com esse, ele me torturava todos os dias um pouco. Agora aliso o cabelo, até que não fiquei mal. Não, não é por trauma que faço isso, é .... é ... é pra ganhar tempo. Mas na verdade; e eu sabia a verdade, é que o Luciano me amava. Amor de criança, amor moleque, mas me amava. Às vezes fazia-me algumas gentilezas e por vezes demonstrava ciúmes.

Quando eu tinha lá pelos meus dezessete anos, estava estagiando em uma empresa (na verdade eu já era contratada, mas eu sempre quis dizer que estava estava estagiando, acho chic! hahaha! pronto já me realizei) . O Serginho, me encontrou. Eu não me lembro bem como reagi, mas creio que foi com euforia. Ele deu o telefone da empresa pro Luciano, que me ligou em pouco tempo. Parabenizou-me pelo que eu estava fazendo, disse coisas boas e ainda que me admirava. Agora eu só lembro, que na hora, me senti bem com aquela ligação e aí pensei: num disse! num disse que ele me amava! E fiquei me sentindo muito especial. Até que pensei depois que talvez não fosse nada disso. Agora ele já rapazinho e um tanto mais humano, quis ser simpático, provavelmente para aliviar o peso de consciência por ter-me feito sofrer tanto.
Mas o fato, é que sinto saudades de uma época tão boa, desses e tantos outros amigos que guardo na memória, que tenho na minha história. Se um dia na brincadeira, nessa minha brincadeira, acontecer de eu acertar e reencontrar um desses queridos, peço a Deus que seja um encontro tão feliz e festivo, quanto feliz é a minha saudade. Mas sem apelidos. É meu sintoma contrário da maturidade. Mas isso, já é um outro assunt0.


Nenhum comentário: