Ando reivindicando coisas estranhas, um egoísmo manso, mas que demarca bem seu território. Nada meloso, pois que já não é da minha fase, mas algo verdadeiro e pleno de reconhecimento e desejo. Coisas de cumplicidade e do raro que é o olhar na mesma direção.

E por favor, um pingo que seja dessa coisa de pontos incomuns. Não, um pingo não, me dá uma dose bem forte, para que eu não tenha dúvida da experiência. 
É que sinto essa falta, e sinto mais falta ainda do genuíno interesse e do compartilhar que retorna transbordante.  Mas que não seja por educação, que seja puro e verdadeiro até ao ponto de encher o coração.






Tenho uma visão e gosto de lhe dar asas e deixo que se alargue e voe até que um dia retorne me trazendo um raminho de oliveira. 
Vejo que faltou-me clareza sobre alguns dos meus sonhos, aqueles mais pessoais os quais você persegue com todo o seu ser, sabe? Mas nessa visão eu recolho do mundo os sonhos que a vontade não foi capaz de sustentar ou aqueles que a vontade desencontrou com a oportunidade e também se perderam. E vou seguindo buscando compreender quanta força de vontade a vontade precisa ter para vencer.
E acontece assim:  nessa visão sou catadora de sonhos, dos sonhos deixados pelos caminhos da vida. Recolho com a urgência do risco de vida, buscando devolver aos seus sonhadores.
Mas se de fato fosse eu essa resgatadora de sonhos, ajudadora do sucesso alheio, assim realizaria também um sonho meu. É tanta pretensão, mas é só uma visão. E no interior uma vontade imensa de ser útil. Afinal somos o que fazemos, falar não basta.

Mas pode ainda haver outras explicações, é que, querer abraçar as necessidades e carências do mundo é também uma forma de revelar as minhas e revelando-as, revelo-me  e me conheço um pouco mais, e isso é sempre positivo, não?






Tenho na noite meu tempo para agradecer por toda dádiva e liberalidade. Sondo meu coração buscando discernir meus atos, entender  as intenções. É uma forma de organizar meus sentimentos, é uma forma de me acalmar por dentro.
E na prece um pedido aparece repetitivo; é que sempre rogo por sabedoria, mas a sabedoria me faz também uma exigência: experiência, aí peço também por perseverança, sem a qual um caminho não é feito por inteiro.

Escolhas erradas são um aprendizado, uma forma de crescer. E esta é uma boa perspectiva, não como quem banaliza o insucesso, mas como quem luta para não sucumbir ao fracasso. 
Reconhecer, renovar, recomeçar. Eis um humilde entendimento. Oro para entender onde estou e nunca me perder de onde quero chegar.





É incrível como tantos dos afazeres da vida estão diretamente ligados às pessoas que amamos, e esse fato muda toda a percepção das ações. É prudente amar sem reservas, pois o amor se expande na entrega. O amor é um mistério, é um ministério, alguém já disse isso, e é lindo.
É por amar que a fonte interior nunca seca e  na sua perenidade  brota  motivação e força transbordante em bem querer.  
Amar é cuidar e o cuidado envolve tantas urgências que não dá tempo de procrastinar e dizer-se desmotivada. Amo, logo ajo, o amor exige compromisso e é com compromisso que atendemos aos seus cuidados. 
Eu me comprometo  com as demandas do amor, comprometo-me com a ternura que todo o amor merece. Oh Deus! Capacita-me hoje e sempre a exercer o amor por completo. 





Jamais terei gavetas organizadas, não consigo lhes dar qualquer prioridade que seja. Minha necessidade maior e que tem me tomado algum tempo é por ordem a meus pensamentos, tarefa que confesso não tem sido nada fácil. E tem me ocupado ao ponto de que quanto mais organizo, mais terreno desconhecido avisto para sanear. Sanear é como curar e muita cura está bem na forma de enxergar. Por isso, o cuidado redobrado com o sentido da visão, pois é como vejo, que ajo e reajo as situações da vida. E quanto melhor a forma que consigo perceber, tanto melhor consigo viver e conviver.
São dois os pontos em que não permito qualquer tipo de anarquia, fé e família. No mais, o caos insiste em ser co-participante dos meus dias.
O que dizem os especialistas? Pensamentos produzem sentimentos, sentimentos produzem  a ações e ações produzem resultados. E lá vou eu organizar meus pensamentos em busca dos melhores resultados.


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Na manhã corrida da minha semana cronometrada, há uma poesia urbana em vias de composição querendo mostrar-se entre o caos organizado da cidade. E nasce e cresce no quotidiano de todos nós, que ora sentimos, ora somos nós autores desatentos e ora despercebida segue seu fluxo no cotidiano da vida, em cada gesto, em cada esquina. 
Mas ao observador cabe tanto ver o belo quanto a desarmonia, e não falo como quem trata de estética, pois o belo é relativo e isso o torna em algo complexo.
Na visão  irretocável,  um  homem altera a paisagem e me perturba dentro: sentado ao chão, as mãos postas à face, como quem de tudo se desespera, como quem da vida e dos homens nada espera.  
Se era desespero,  embriaguez, insanidade, não sei. Nunca saberei. Somente ficou-me a certeza doída das muitas realidades da vida e de um semelhante sentado em sofrimento em uma paisagem tão linda onde nenhum artista jamais o pintaria.
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Certa vez uma pessoa que eu acabara de conhecer em uma sala de espera de um hospital, após pouco tempo de conversa, mirou-me no olhar e perguntou como "eu" estava. Fiquei perplexa. Havia tanto tempo que ninguém me perguntava algo tão pessoal e de uma maneira que me pareceu sincera e que por algum motivo realmente desejava ouvir a resposta. 
Demorei um pouco a me pronunciar, tanto pelo choque da pergunta inesperada,  tanto pela necessidade que tive de me auto avaliar para responder com a mesma sinceridade algo que nem eu mesma sabia e nem me dava conta.
Respondi, procurando palavras, buscando a verdade. Achei que era justo. Sem deixar de perceber com espanto o quanto eu precisava e queria de fato falar. Foi um sentimento indescritível, mas era mais ou menos assim: um estranhamento, porém necessário. Mas minha natureza é contida, entreguei o pude e contive-me.
Ainda assim, obrigada querida desconhecida, e desculpe, pois nem lhe disse ou agradeci, mas naquele dia eu me senti muito importante.
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