VIAS III

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Poeminhas amassados pelo chão, sinalizam um caminho sem volta. Em cada pedaço de mim um sentido se aguça e revolta. Reviro, tento, margeando inícios. Mas não me arrependo, vou seguindo ao sabor do vento, em silenciosa busca, onde me reinvento.

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VIAS II

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Persigo um verso, pra que ele me delate, persigo um verso como ouro de alto quilate. Persigo um verso, pra que ele me encontre. Esse verso que vive aqui dentro, brincando de esconde-esconde.

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ABRIGO

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Havia algo de tão especial
e banal
naquele vão de saudades
Um veio de lembranças

jorrando
memória à dentro
resgatando sonhos
estancando perdas


Um apelo de sensação

libertária
ruir de escudos
papelão e aço
um abandono seguro
onde me refaço

Então vi

Fui abrigo
Ombros e passos
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EXPEDIÇÃO

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Um pequeno graveto seco estalou sob meus pés cansados. Um grilo entoou uma canção antiga, permeou-me intenso o passado. Quando as noites eram brincadeiras de roda e os dias incansáveis expedições ao quintal. Cantinhos misteriosos, imensidão inexplorada com sua fauna minúscula a ser desvendada. Centopéias, cem perninhas sem tropeços, libélulas acrobatas, besouros encouraçados, joaninhas, caracóis e o louva-deus em seu terno camuflado. Das cigarras vinha o fundo musical do meu vasto mundo lúdico, colorido pelas roupas estendidas no varal.
Quando de mim dei conta, continuei minha caminhada. Mas já não tinha os mesmos passos cansados.
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MENINICE

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Quando eu era criança tinha uma estrela lá no céu que era só minha. Ela tinha nome e tudo. Eu por sua causa, na minha meninice, apreciava o escuro da noite, pois, realçava a sua beleza. Conversávamos confidentes. Ela falava brilhando mais ou menos. Às vezes com um piscar aceno. E isto me bastava. Me ouvia e sorria cintilante. Queria tanto crescer pra ficar mais próxima a ela. Mas crescer me exigiu tanto... Desaprendi as coisas simples. Hoje não consigo ao menos encontrá-la.
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