INQUIETAÇÃO

o
o
Em meu finito espaço
Verto inquietações
Espalmo o tempo
Com palavras subjetivadas
Venço o verso

No universo vago

Lanço projéteis
Abro clareiras
Em busca do todo
Tateando estilhaços
Onde as respostas fogem
oooo incógnitas
Entre quatro paredes de aço.
o
o

EFEITO AMOR

o
o
Quando meu amor se faz dia
ooo Irradia
Se em noite transfigura
ooo Ternura
Se o meu amor aumenta
ooo Flores na varanda
ooo Jantar à luz de velas
Ao que meu amor se abala
Maior amor à tona
ooo Revela
Quando meu amor transborda
ooo Jorra
ooo Fecunda
ooo Terras férteis
ooo torna.

0

CELEBRAÇÃO

O
O
Eu saberei de ti, meu amor, por todos os dias, conquistar-te-ei diariamente, vou guardar o teu cheiro e gerar tua semente. Buscarei de continuo a amplidão da sabedoria, para que não me falte palavras quando nas longas tardes descortinarmos a existência. E recostada em teus braços entre livros e felicidades apreciar teus nobres pensamentos.
Vou cuidar de você, vou ser sol e mar. Vou ser teu refúgio, tua rica morada. Vou levar ao teu encontro o cheiro da terra molhada, para contigo celebrar o renovo da vida.
Para que após longos dias ao teu lado vividos, no regozijo da tua presença, no desfrutar da tua essência, eu possa olhar-te sereno e gentil, tocar teus cabelos morenos e sossegar no teu fôlego. Deitar-me ao teu lado e rir-me de uma vida farta de amor, regada ao teu doce sabor.
Assim quero selar contigo, a mais bela das histórias e fazer novo o que tempo faz velho. Ser para tantos inspiração e para outros conselho.
Vem meu amado, em quem minha alma se alegra. Celebra sem reservas, pois sem vacilar nos defendemos. Minha foi tua causa, minha guerra foi tua lida. Assim fomos feitos fortes, subimos montanhas descemos abismos, vencemos desníveis e empecilhos.
Faz de mim a cada dia, teu campo de flores, colhe aromas, sacia-te em sabores. Que seja para sempre assim, terno e profundo, divino e meramente humano, delicado e valente, pois a ti meu amor, conquistarei diariamente.
O
O

CRISE

0
Apresentou-se diante de mim um Fogo intenso que bradava ameaças de grande incêndio e devastação, a tal ponto, de arrasar com minha pequena vinha. E nos seus olhos que ardiam desolações, crepitava a violência, avaro e ira. Eu temi e pranteei. Temi pela lavoura, pelos que dela sobreviviam e pela esperança semeada.

Porém, levantei-me do terror e do pranto que me murchou o olhar da colheita por um instante. E vislumbrei no horizonte as horas da esperança, a guerra contra as pragas, o suor, os calos encravados na palma da mão e a ânsia da espera quase materna.

Então, firmou-se meu olhar. Cerrei os punhos, sem violência, mas com a resignação de quem protege sua cria. E disse: Fogo, por que desejas devastar minha vinha? Em que te apraz à destruição obstinada se ao final de teu intento, deixa-me as cinzas da tua própria extinção? Por entre as gerações fez-se notório teu nome, pois te ti o aquecer, moldar e forjar. De ti a luz do astro que dormita na escuridão. Não, não te consumas em ruínas e danos, mas faze perpétuas tuas chamas. Desfaça o furor das labaredas impetuosas e momentânea. Goza da perenidade de ser fonte no esplendor do lume das eras.

Lancei assim minhas palavras sobre as chamas. E elas caiam como respingos tímidos que ressoavam mais intensos a cada momento. Até que transbordaram. Até que conteve o Fogo, e a ira e a desolação. E quando restava pequena e tremula chama, peguei minha lamparina, a guarneci de azeite em abundância, e brandamente transferi o Fogo ao pavio.
E não mais houve ameaças. Verdejou e cresceu a minha vinha. O povo prosperou e gozou dos seus frutos e o fogo dominado cozeu esses frutos.

0

MINHA VIDINHA I

o
o
Bravo! Por um viela
Lá vinha Vidinha se esvaindo
Bravo! e Vidinha se arrastando
Bravíssimo! Vidinha já desvairando...
Ali parou, se recompôs
Colocou seu melhor sorriso
Um tapinha na face,
Saúde,
Pose elegante, virtude
Então
Cumprimentou seus amigos
Como se nada,
absolutamente nada
Houvesse acontecido.
o
o

PLANO DIÁRIO

O
O
Quando deita a madrugada e o primeiro sol do planalto bate à janela, traz consigo a chamada da alvorada a mais uma lida diária sob o céu de Brasília. Nós aqui das satélites, a caminho do Plano Piloto: meteoros de concreto, decretos e asfalto, conchavos, acessos e vias, estrutural, eixo monumental, congresso, esplanada e rodoviária.
Entre engarrafamentos e buzinas, baixa umidade, pardais, flanelinhas: a beleza singela dos canteiros. Com suas flores do cerrado, forrando balões, tesourinhas, entre-quadras. Harmonia de cores, aromas e formas a desejar-nos bom dia... em mais uma longa jornada.

O
O

BECO

o
o

Tenho que escrever

às pressas

Pois é assim que sobrevive
minha poesia

de sobras e de brechas
0
0

PRESSÕES

o
o
Tenho minhas depressões
ooooo em segredo
Diluo frustrações
Amorteço pressões
ooooo e vivo
Venço diariamente
As agressões do meio
ooooo e da mente
Sem devaneios
Duelo com a realidade
Embargo sentenças
E sigo
ooooo esperança.
o
o

COTIDI-AMO

O
O

Cotidianamente, corre-corre, pique-pega. Manhã escola, tarde tarefas, balé, natação. Noite saudades, beijos, abraços, dever de casa e cansaço. Pra dormir: histórias pra sonhar , oração e bençãos. Depois, sono profundo, de quem é hoje da minha vida o fruto e a semente do futuro.
O
O