Tive uns desmaios esses dias... e foi tão brusco, tão abrupto,
sem o menor aviso prévio ou refinamento,
que achei de uma tamanha deselegância do cérebro desligar o interruptor assim
e me deixar indefesa feito a Terezinha de Jesus.
Quando retornei à tona, desse mergulho do nada, no nada,
fiquei naturalmente intrigada com os porquês e causas e efeitos.
Será que há momentos em que o desmaio é uma solução
possível? Uma pausa perigosa entre os apertos da vida? E se é uma fuga, sem a escolha de percurso, sem o momento
oportuno, é então um risco que não vale a pena. É um além de um sei lá de
entorpecimento, sem se premeditar, sem dissimulações.
Um ato falho. Involuntário, é ausentar-se estando presente, um
bloqueio, uma defesa indesejada.
Desmaiar de olhos abertos, pois há também essa modalidade, é
bem mais perigoso ainda, e se dá quando a situação é um confronto tão direto e inescapável
que há uma agonia como em ondas. E é
crescente até o ponto de quebrar-se por agigantar-se além de suas próprias sustentações. É um
desmaio que se sofre consciente.
Já tive também desmaios assim, a diferença é que um, te leva
ao chão, com ou sem cavalheiro pra te dar a mão, e pode até haver sequelas. Meu
dedo polegar ainda dói. O outro, pode te arremessar nas profundezas da alma, trazer
algum desconforto e até sofrimento. Mas se entendido e vivenciado com um coração
correto, pode até ser uma forma de cura. Tortura? Não, cura.