Nesse ecossistema que o bebê tão bem administrava, havia funções diversas que os Au-aus cumpriam e não só por instinto, mas por amizade. Por exemplo, o Au-au verde lhe ajudava a coçar um tanto de dentes precoces que lhe nasciam de uma só vez, e lhe trazia algum sofrimento. O Au-au amarelo era o chefe do grupo, pois era o que o tinha a carinha mais sorridente. O Au-au verde-misturado, fazia mergulhos acrobáticos, desaparecendo no fundo da banheira para depois surgir na caverna das axilas para lhe arrancar muitas gargalhadas. E finalmente o Au-au Bege com lista azul, que tinha a função importante de entreter o menino ativo, assim disse o pediatra, enquanto a mamãe lhe trocava a fralda.
E o menino foi crescendo inteligente e ativo, como reiterou o pediatra. Então, descobriu logo cedo o segredo do enchimento do mar na banheira e principalmente o seu esvaziamento. E um dia o menino abriu as comportas desse oceano de carinho e pôs-se a brincar de abrir e fechar. Mas o que ele não esperava, é que a sua mãe, que nada entendia da era Mesozóica ou do período Cretáceo, de repente interrompesse o seu banho, levando-o para o trocador. Não, não foi o asteróide que fez dodói nos dinossauros. Foi a mamãe que deixou sem saber, o oceano derramando. O nível da água foi baixando, baixando, a espuma densa ficando por último e os Au-aus assustados e indefesos, nada puderam fazer.
Será que é assim mesmo? A medida que o homem, que também não passa de um menino ativo cresce e se desenvolve, de tanto descobrir e inventar coisas, se impressionou tanto com essas coisas, e brincou tanto com essas coisas que descuidou do mundo?
Mas mamãe com seu instinto materno, recolheu também sem saber, ainda a tempo, todos os Au-aus, lhes fez um carinho singelo e os colocou na bancada da pia para decorar o banheiro até a hora do próximo banho do menino.
E foi assim que eles se adaptam a um novo habitat.
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