INVERSO VALOR

Seria o justo o tolo
E o crápula honesto ?
Projetos e esforços
Menor que a lei da aposta?

Seria tristeza cooperar
E à vida do próximo dar o aval?
O humilde é Zé
Incapaz capacho do Lau.

Seria feio trabalhar honestamente?
E vergonhoso ser idealista?
Causa estranheza o altruísmo?
Soa piegas tratar com a verdade?
E ter uma vida de dignidade
E dignificar assim o seu povo?

Tem coisa cheirando mal.
Os maus tomaram o poder.
Nós elegemos monstros
Pra conduzir e resolver.

Quem tem poder?
Poder pra quê?
Poder só pra corromper.

Corromperam a razão
Venderem a moral
Zombaram da verdade
Em bizarra letargia social

Viva a vida momentânea
Do êxtase do dinheiro fácil!
Do sangue sem valor
Que escorre do morro
Em gritos de horror.

E dos palácios construídos
Com mármores e vidros
Em conchavos vergonhosos
De políticos inescrupulosos
Que buscam poder...
Pelo preço que for

O justo se entristece
E o homem de bem range os dentes
Ao pranto do necessitado
E a fome das crianças magras
O terror do pai de família
Na mão de homens dementes

Filhos sois, políticos devassos
Do desterro e da maldição
Aves de rapina e carniça
A rir-se do sofrimento alheio

Hão de arder no inferno
Pelas vidas ceifadas
Em suas investidas imundas
Com estratégias desumanas
A atirar sem pudor e nem vergonha
O seu pais em cova profunda

Desse mar de infame e lama
Se ouvirá clamor e drama
Restarão vidas mutiladas
Aleijões de caráter e comportamento
Com sede de morte por sustento
Como fantasmas errantes
Com seus olhos flamejantes
Buscando também se impor
Batendo tão forte e covarde
Como a agressão que também sente

Qual será a paz de espírito
No dia em que os justos
Homens limpos de mãos e de mente
Tomando o poder com legitimidade
Lançar atrás das grades
A todo aviltante abutre
Para ter a paga devida
Pela destruição da vida
Por distorcer na mente em formação
Dos nossos jovens e crianças
O sentido da verdade e da justiça

E será pra nossa mente sossego
Saber haver lei sem engano
Para o bandido mais hediondo
Aquele que tendo a oportunidade
Negou agir com a verdade
E atender ao anelo dos povos
Por paz, justiça e igualdade

E em cárcere comum
Terão por companheiro de sela
O fantasma da consciência
(ainda que se duvide de sua existência)
A assombrar-lhe de noite e de dia
E ser-lhe-a por juizo severo
Em flagelo e tormento eterno

Pelo bem que não se fez
Pelo pão que se negou
Do pranto que não calou
Do direito que usurpou
E das vidas que violou.

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