O EDIFÍCIO

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Assim como a minha plantinha que se encontra no vaso sobre a mesa da sala, o edifício é também uma planta e precisa ser regado para crescer. Acho que ele é de uma espécie gigante, bem exagerada, mas que nasce como toda planta grande ou pequena, de uma planta apenas. E como tal, teve que ser plantado e ser cuidado para daí crescer e se tornar essa árvore de concreto que brotou diante da minha janela, diante dos meus olhos impressionados a cada manhã. De tão alto, esse prédio já passou da altura dos olhos do pé de manga, do pé de goiaba, da laranjeira e dos ipês amarelos do Niemar. Agora todos os pés disso ou daquilo, têm de erguer bem o seu olhar pra conseguir ver o topo desse pé de apartamentos. E é lá nesse topo que agora já se vê um vaga-lume de estranha luz vermelha, - comentam as árvores cismadas. Mas elas sabem, assim ouviram dizer, que esse bichinho pontual, mesmo nas noites mais frias e escuras, se dedica a missão de avisar aos aviões que naquela árvore desengonçada de galhos simétricos e folhas duras reluzentes, não pousam apenas os pássaros, mas repousa um punhado de gente, muita gente.
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