NOTÍCIAS

O
O
A tarde caminhava para a noite, e eu caminhava para a vida. Pacífica e calma era a tarde e em nada lembrava os rumores de guerra, a violência dos homens e a fome sobre a terra.
Mas havia a umidade em baixa e um cinza construído, de descuido constituído. E o cinza tingiu o horizonte, abraçou os prédios e pousou no que havia.
De cinza se vestiu o capim estralando securas, mas com a bravura ainda verde que requer a sobrevivência, como a flor insistindo em ser flor, contrariando as circunstâncias. Só a menina tinha a primavera em suas mãos e nem se deu conta.
Distraída, pisei a notícia que já não era nova e empoeirada virava história, e descobri abandonado um segredo alheio que guardei comigo.
Silenciosa me acompanhava a calçada, onde o rapaz conversava com as mãos e sorria com olhos de encanto. E foi sem causar incômodo, que testemunhei um abraço demorado, como quem se perde no tempo, como quem se encontra no outro.
E foi assim, em duas voltas, uma caminhada e um desejo antigo de alongar a existência e não perder nada, ainda mais de uma tarde, que apesar de cinza, cabia esperança.
O
O


Nenhum comentário: